‘O que vc faz por amor? Eu sinto. E sinto falta. Sinto falta do que um dia nós fomos’.
Natal pra mim é isso. Os mesmos lugares, pessoas e enfeites. A ansiedade pelos mesmos aromas, os mesmos sabores que só aparecem nessa época. E junto com tudo isso, troca de sorrisos, de impressões e, sempre e sempre, de saudades.
De uma forma ou de outra, sempre há que se lamentar o que passou, o que deixou de ser, o que não permaneceu como queríamos.
É somente no Natal que, diferentemente do resto do ano, encontramos tempo para sentar todos em torno da mesa e lá ficar, sem horários, sem compromissos, sem correria e, por consequencia, notarmos quem está por perto. É também nesta época que afetuosamente procuramos algo para regalar os mais queridos – num ato que, acima de tudo delicado, traduz sentimentos.
E assim, como naquele diálogo do filme ‘Paris, eu te amo’, muito do nosso amor se demonstra pela falta que sentimos daquilo tudo quando ali não estamos, pelo amor que fica para os natais que ainda virão.
Mas este ano o natal está mais pesado, menos esperado e talvez até um pouco evitado. Há um vazio palpável em torno de nossa mesa, uma tentativa de recriar algo que não volta, mas que de certa forma conforta um pouco nossos sorrisos que disfarçam soluços. Ficou uma palavra, uma história, uma verdade que fez escola e uma ausência fazendo silêncio em todo lugar.
Ainda teremos os enfeites, os cheiros, as cores. Mas são novas mãos tentando deixar viva uma tradição que agora, acentua uma dor enquanto afaga nossos corações. O tempo que tudo cura, nestas datas nos trai e, em meio a fotos e lembranças, nem ao menos nos empresta seu ombro. Teremos, portanto, um sorriso a menos, uma mão que deixará vazios os espaços entre meus dedos, uma risada que somente se ouvirá no inconsciente. Há promessas que não se cumpriram e outras que não poderemos mais fazer … mas fazemos, com certeza, o melhor para preservar uma alegria que por tanto tempo nos contagiou.
Eu, como jurista, adoro códigos. É incrível como o código civil ou penal, por exemplo, nos prescrevem as condutas adequadas para qualquer situação. Mas pra este natal ficou faltando um código de postura ou, como diria Saulo Ramos, um Código da Vida. E portanto, na falta de melhores minhas, empresto as palavras do ministro quando em seu livro nos conta que, a saudade, hoje, ”é um soluço de lágrimas contidas. Sinto a umidade delas em minha alma”.
(Gustavo Bussmann)
http://tiramisyou.wordpress.com/2011/12/23/o-que-voce-faz-pelo-amor/
by Cerridwen
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