Crianças ciganas brincam no acampamento onde moram
em Planaltina - DF Marcello Casal Jr/ABr
Um pai que quebra um ciclo de medo e repetição de comportamentos, que ensina o filho a pensar, a duvidar das certezas injustificadas, a ir em direção ao novo, deixa de herança para este filho a liberdade, a liberdade de pensamento e discernimento, esta liberdade elimina a maioria dos medos que uma pessoa carrega vida afora, pois, o desconhecido é aquilo que tememos, se não temos amarras que nos impedem de conhecer, de nos aproximar para entender, não viveremos sob o domínio de tanto medo.
Pais, libertem seus filhos, libertem a si mesmos através deles e da educação mais ampla, como fez o pai da Valéria Braz, com algumas palavras e gestos ele traçou o destino de liberdade e poder de escolha de sua filha:
" Houve uma época na minha adolescência que moramos bem próximo a um acampamento cigano.
Na época a discriminação e preconceito com eles era imensa, e todos nos diziam para ficarmos longe porque eles eram perigosos e roubavam crianças.
Graças a Deus, meu pai, embora tivesse muitos defeitos, o preconceito não era um deles. Lembro que como crianças nossa curiosidade era atiçada pelo terror de chegar perto ao acampamento deles. Meu pai então um dia nos chamou e falou o seguinte: - " Porque vocês tem tanto medo deles? Já fizeram algo a vocês? "
Claro que respondemos que não, afinal não tínhamos nem coragem de chegar perto do acampamento. Aí veio a maior lição que recebi do meu pai, e que levo comigo até hoje.
Ele nos falou que eles eram um povo nômade, por isto não tinham casas como a nossa. Que não podíamos saber se eram bons ou maus sem os conhecer, e que mesmo os conhecendo certamente encontraríamos ali pessoas boas e más, como tínhamos entre nós. E que só existia uma forma de podermos falar algo a respeito deles, que era conhecê-los como pessoas e através de sua cultura e modo de vida.
É claro que ele não falou com as palavras acima, mas hoje posso dizer que era isto que ele nos mostrou.
Depois desta conversa, passamos a junto com meu pai, ir até o acampamento e conhecer o modo de vida deles. Tivemos com eles uma convivência de mais de dois anos, quando resolveram ir para outro lugar. Ali brincávamos com as crianças e ouvíamos as histórias dos adultos. Fomos em muitas festas com muita dança e muita música. Mas o pior de tudo, é que apesar de criança, percebia o quanto as outras pessoas recriminavam a meu pai.
Hoje vejo o preconceito assim.... você acredita no que vem formulado e repetido de outras pessoas, gerações, etc, sem se dar ao trabalho de conhecer a fundo a história deste povo, pessoa, desta raça, etc.
Pessoas, povos, raças, quanto mais discriminadas, mas se discriminam e quanto mais se discriminam mais se fecham para sobreviver... e assim se repete o ciclo do preconceito. Um se justificando no erro do outro.....
O único jeito deste ciclo ser quebrado é com a coragem de se reciclar e admitir que a diferença do outro não é erro ou acerto, apenas é a questão humana do desenvolvimento, onde cada um tem seu tempo e maturação, seja um povo, uma raça, uma pessoa.
Pré conceito é a negação de que o diferente faz parte e tem a sua parte no universo.
Meu pai marcou toda a minha característica de encarar a vida através de duas atitudes na minha infância.... Uma delas foi esta.
Até hoje, antes de emitir qualquer conceito sobre algo ou alguém eu procuro conhecer melhor o assunto ou o alguém e sua história de vida. Quando não tenho como, prefiro calar a pré julgar aquilo que sequer conheço".
Valéria Braz
Van
Bom dia Van!
ResponderExcluirA nossa amiga Valéria Braz fez um comentário
maravilhoso!
Sim um pai e uma mãe pode muito ensinar aos seus filhos como respeitar as diferenças!
Querida eu gostei muito desta frase:
O único jeito desse circulo ser quebrado é com a coragem de se reciclar, e admitir que a diferença do outro não é um erro ou acerto, apenas é a questão humana do desenvolvimento, onde cada um tem seu tempo e maturação, seja um povo, uma raça ou uma pessoa!
"LINDO DEMAIS" Parabéns!
O meu abraço caloroso a você Van
e a nossa querida amiga Valéria Braz!
Beijos e abraços
Oi Dany... esta frase escrevi de forma tão natural e é algo em que acredito piamente!
ExcluirAfinal é em nós que está o poder de enxergar o mundo como ele é, e não através dos olhos do passado....
Obrigada pelo imenso carinho.
Beijo no coração
Olá Amiga!
ExcluirParabéns pela frase é de muita sabedoria!
Com toda a certeza nós é que temos que olhar o mundo com altruísmo, quebrar os preconceitos que persistem em sobreviver quando já deviam ser extinguidos há muito tempo!
Beijos no coração!
Oi Janete,
ResponderExcluirA Valéria Braz foi genial neste comentário, sobre como um pai pode deixar boas lições para os filhos, que irão facilitar suas vidas para sempre e, várias outras reflexões ela nos propõe com este depoimento, uma delas é esta que você citou: Os ciclos de erros e preconceitos devem ser quebrados, pois chega um ponto que se torna realmente um ciclo, já não se sabe mais quem tem preconceito contra quem, mas basta uma iniciativa como a que tomou o pai da Valéria, para que novo ciclo seja iniciado, o da tolerância, do respeito e valorização da pessoa do outro.
Pais possuem enorme responsabilidade nas mãos, a de educar bem seus filhos e por consequência tornar o mundo melhor.
Beijos
Van, meus são a minha referência em praticar o bem a todos, pois eles me ensinaram isso com ações. Passo isso, em menor escala por não ter a mesma competência dos meus pais, aos meus filhos. Minha filha um dia desses me disse que viu duas meninas se beijando em sua escola e ficou enojada, então, eu lhe disse q ela devia respeitar as opções de todos, q não deveria discriminá-las por isso. Bjos e um bom domingo.
ResponderExcluirOi Eder
ExcluirAs ações são os ensinamentos mais eficientes que recebemos, palavras são vãs quando não existem ações que correspondam a elas.
Esclarecendo á sua filha que existem pessoas diferentes de nós, que fazem escolhas ou possuem condições pessoais,físicas, culturais, ou seja lá de que natureza for,diferentes, você a está libertando da angústia de viver em um mundo onde não aceitamos aquilo que nos cerca, nem aceitamos aquilo que difere do que conhecemos.
O mundo percebido através do olhar da intolerância torna-se hostil e agressivo a nós.
Do contrário, os tolerantes, que aceitam as diferenças, mesmo não fazendo parte delas, vivem mais serenos e sentem menos agredidos pelo meio e as pessoas que os cercam.
Ser tolerante e compreensivo não é bom só para o outro, é bom em primeiro lugar para nós mesmos.
Beijos e ótima semana!
Oi Van, a Valéria disse tudo e mais um pouco. Educar significa formar pessoas de caráter e que integrarão uma sociedade melhor. Claro que algumas vezes não funciona, por melhor educação que se tenha, mas aí já é outro segmento... bjs
ResponderExcluirOi Sergio
ExcluirA educação é a única forma de transformação possível, de melhoria de vida e condições em geral. As variáveis ficam irrelevantes diante de uma boa educação.
Beijos
É na infância que construímos nossas bases mais bem alicerçadas. Se lá recebemos orientações adequadas, conseguiremos viver sem julgar, alimentando o necessário respeito para com todos. Bjs.
ResponderExcluirOi Marilene
ExcluirSempre ouvi isto da minha mãe, sempre a vi falar sobre os efeitos que uma atitude, um exemplo, ou um ensinamento bom ou ruim, tem sobre os caminhos que esta criança quando adulto irá percorrer, sobre as escolhas que irá fazer a partir daquilo com que conviveu e aprendeu.
Ela usa uma exemplo interessante, compara uma criança a uma imensa cachoeira ou um potente curso de água, cheio de força e potencial para destruir ou construir. Se canalizado ou fluindo dentro do seu curso, gera energia que abastece o mundo, fertiliza as terras, promove vida. Mas se esta força rompe seus limites, em enchentes ou rompimentos de barragens, destrói tudo que tem à sua frente.
O potencial e a energia de uma criança, tem que ser bem conduzido, para que no futuro ela construa e não destrua.
Beijos e obrigada por sua presença!