4 de nov. de 2011

Carvão da amargura...by Dany

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:

"-Pai, estou com muita raiva. 
-O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. 
-Desejo tudo de ruim para ele. 
-O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. 
-Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola. "

O pai escuta tudo calado enquanto caminha até o local onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado. Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
 

-Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.

O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo.

Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
 

-Filho como está se sentindo agora?

"-Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa. "

O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
 

-Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. 
Que susto! Zeca só conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. 
O pai, então, lhe diz ternamente: 

-Filho, você viu que a camisa quase não se sujou. 
-Agora, olhe só para você.  

 -O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.

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